domingo, 19 de novembro de 2017

Quando nos damos conta

Quando fazemos a escolha mais impactante na vida de um ser humano, que é ser mãe ou pai, não imaginamos o tamanho das transformações que essa viagem louca nos proporciona. Muitas subescolhas, não menos importantes, teremos para o resto da vida. Na maioria das vezes começamos pelo nome, o tema e estilo do quarto, o enxoval, o médico, a maternidade, o plano de previdência quando possível...sem contar  nos planos para o futuro, imaginamos a carreira que terão, o casamento, os netos... Muitas vezes idealizamos tanto que não nos damos conta que os filhos são nossos filhos e não nossas propriedades. Eternamente nossos filhos do mundo! Acontece que de tanto idealizar o longe futuro, acabamos esquecendo de viver o presente, e quando nos damos conta, o tempo passou. Ouço sempre uma amiga psicóloga dizer que quando eles são crianças fofas temos aquela vontade enorme de morder, de comer e colocar eles na nossa barriga novamente e que quando crescem pensamos o porque não fizemos isso mesmo. Ironias a parte, o fato é que nos nossos planejamentos e idealizações esquecemos de uma fase crucial para que aquela coisa fofa se torne aquele filho bem sucedido emocional e profissionalmente. A fase da adolescência! Estou para conhecer alguém que durante a gravidez pense em cursos, palestras ou simplesmente buscar informações sobre como lidar com os filhos nessa fase, pensamos tanto em como trocar fraldas, dar banho, passar pelo terrible two, na escolha da melhor escola para preparar para o vestibular e na adolescência nada! Sim, concordo que na gestação pode ser cedo demais para pensarmos tanto assim na adolescência, mas também ser alheio a isso, dizendo "não estou preparado para essa fase" não ajuda em nada. Faço parte desta estatística, se é que existe, do grupo de pais que pensaram que a adolescência demoraria para chegar, que saberiam como lidar com as situações que dela decorrem por já terem passado por essa fase, que imaginaram conhecer tudo sobre essa geração sem se darem conta que as gerações mudam rapidamente de um ano para o outro. Enfim, sou mais uma das mães que prorrogaram buscar informações achando que o tempo pararia para nos esperar. E aí meu amigo, percebemos que  seus beijos e abraços já não parecem ter tanto sentido, que sua presença parece não ter mais o efeito prazeroso de antes. Quando isso acontece, percebemos que já não somos mais aquele jovem que achava saber tudo do mundo, e quem acha isso agora são os nossos filhos. Somos taxados de os velhos que não sabem de nada, de fato não sabemos, não sabemos o que passa na cabeça deles e isso nos deixa tão mal que a vontade de pedir desculpa aos nossos pais por fazê-los sofrer em silêncio é gigante. Na verdade, a única coisa que queremos é sentir que ainda somos úteis na vida deles. E então, deixamos e sofremos calados ou ficamos em cima cobrando atenção? É, o maior problema do relacionamento entre pais e filhos adolescentes são os pais, que sofrem, mesmo que digam o contrário, com o ninho vazio. Ah se os filhos soubessem o quanto eles nos fazem falta...